sábado, 4 de novembro de 2017

Lumentype em Câmara Escura ou uma lembrança de Talbot


Ao longo destes anos fui colocando neste pequeno espaço, visitado amiúde por uma pequena legião de entusiastas da fotografia espalhados pelo mundo, diversas técnicas e experiências que fui experimentando em torno do conceito de fotografia. 

Procurando o minimalismo, a quase ausência de modernidade, procurei e (procuro!) não afastar-me do essencial, tentando obter e cruzar materiais sensíveis com diferentes tempos e formas de exposição.

Um dos que mais gosto é o Lumentype (ver mais aqui ), pela simples razão que usa papel fotográfico fora de prazo e até exposto (mais barato e acessível) e não necessita de químicos nem de câmara escura para a imagem surgir. 

Digo isto porque,

Hoje, tirando o pós às velhas máquinas que guardo, parei por momentos ver a Ensign Box da Houghton-Butcher Ldt. de cerca de 1930.

colecção do autor.
colecção do autor


Lembrei-me da velha "ratoeira" de Talbot, máquina inicial em que o mesmo colocava papel salgado (solução de sal e solução de nitrato de prata) e deixava durante longos períodos no seu quintal, a absorver a luz e a formar uma imagem, efémera, no seu interior. ( e a sua esposa dizia que eram ratoeiras)

Dizia ele: “the inimitable beauty of the pictures of nature’s painting which the glass lens of the Camera throws upon the paper in its focus—fairy pictures, creations of a moment, and destined as rapidly to fade away."


E assim, lembrei-me de colocar no interior da minha velha máquina uma tira de papel fotográfico e, abrindo o obturador, deixei-a apontada para a rua, para o meu quintal.

Por 3 horas a luz entrou no seu interior e, pouco a pouco, os raios solares foram provocando a sensibilização do papel, formando uma imagem, sem necessidade de revelador (que por oxido-redução, iria ampliar e acelerar o processo)





A imagem que obtive, em negativo, não pode ser fixada, pois a quantidade de luz recebida não é suficiente para, sob acção do revelador, manter-se.
Por isso, para a vos poder mostrar, tive de a digitalizar e depois inverter.



Dando origem à fotografia final.



Veja-se o carro fantasma, que, durante a exposição, sensivelmente a meio, foi retirado do local.


Poderemos ainda, e desde logo, pensar em várias alternativas ainda mais simples:
Uma simples caixa de sapatos com uma lupa em vez de lentes, ou uma lata com um pequeno furo da largura de uma agulha....

Fotografar é conseguir imprimir uma imagem num objecto, usando a luz, durante determinado tempo. Esse tempo é determinado pela luz existente e pela capacidade desse objecto se alterar pela acção da luz.

Mesmo que no mundo a Luz existente se resumisse a uma vela...mesmo assim poderíamos gravar a sua imagem.


Para quem quiser aprender estas e outras técnicas:













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